terça-feira, 17 de setembro de 2013

Traqueobronquite Infecciosa Canina 

Introdução

A traqueobronquite infecciosa canina, também chamada de Tosse dos Canis é uma doença contagiosa de inicio súbito que causa infecção respiratória com secreção naso-ocular e ataque agudo de tosse. É causada principalmente pela bactéria Bordetella bronchiseptica e pelo vírus da parainfluenza canina, mas outros vírus e bactérias podem estar envolvidos.
É uma doença sazonal mais frequente nos meses frios.
A morbidade aumenta muito quando os animais estão em locais com alta densidade populacional, como em canis, hotéis ou pet shops. As formas mais comuns de transmissão  são através do contato direto entre cães ou contato indireto, pelo ar através de secreções respiratórias (aerossóis), ou por fômites.
Animais a partir de 2 semanas de idade já são considerados susceptíveis, e apesar da morbidade ser alta a letalidade é baixa, podendo ocasionalmente ocorrer se houver infecção bacteriana secundária.
Nas infecções mistas de Bordetella bronchiseptica e parainfluenza canina, a injúria dos órgãos é maior e o animal poderá apresentar um quadro de pneumonia.
A via de infecção é a mucosa nasal.

Sinais Clínicos

Na infecção por Bordetella bronchiseptica a tosse é paroxística e pode durar mais de duas semanas, e os sinais clínicos aparecem entre 4 a 7 dias após a exposição. A tosse pode aparecer em vários graus, e pode haver secreção nasal purulenta. Se houver infecção secundária os sinais podem se agravar e ocorre hipertermia, anorexia e dispnéia.  
A tosse pode ser produtiva ou improdutiva, e é chamada de “tosse de ganso”. Geralmente piora com o exercício físico. Pode haver também engasgo, ânsia de vômito e corrimento nasal.
Há duas formas de apresentação clínica da doença. Uma delas é quando o animal é vacinado contra o adenovirus canino tipo 1 e o vírus da cinomose, que podem estar envolvidos na traqueobronquite infecciosa canina. Este animal irá apresentar tosse seca, sem febre e sintomas brandos. O edema associado com laringite pode resultar numa tosse descrita como roncador, acompanhada de reflexo de vomito. O muco expelido pode ser espumoso ou despercebido pelo proprietário. O tempo clinico da doença é de 1 a 3 semanas podendo levar a uma pneumonia.
A outra forma  em cães normalmente sem vacinação ou exposição prévia ao agente. Nesta forma, os sinais clínicos são mais severos. A tosse pode não ser produtiva, com ou sem rinite e com secreção nasal e ocular mucóide a mucopurulenta. A tosse parece causar dor. Pode ocorrer tonsilite, rinite e conjuntivite, e ao exame físico o animal se apresenta febril e letárgico, anoréxico ou dispnéico.

 

Diagnóstico


Em geral não há preocupação em realizar diagnostico definitivo e sim descobrir se há uma complicação da doença.
O diagnostico clinico é baseado no histórico do animal, nos sinais clínicos e na resposta do animal ao tratamento.
Em laboratório podem ser realizadas culturas bacterianas da secreção da aspiração transtraqueal, lavagem traqueal ou bronquioalveolar ou “swabs” estéreis do epitélio traqueal para definir os organismos causadores da doença.
Na tosse dos canis não complicada não haverá características notáveis em radiografias torácicas. Na infecção combinada com a parainfluenza canina haverá consolidação lobar aumentada.

Tratamento


Os casos sem complicação se resolvem sem tratamento dentro de 4 dias a 3 semanas. Mas o desconforto do animal e o incômodo para o proprietário justifica o tratamento.

Antibiótico: é usado para evitar a colonização da Bordetella bronchiseptica nas vias aéreas inferiores e caso ocorra uma infecção respiratória mais profunda.
Amoxicilina + clavulanato de potássio por 21 dias.
O animal deve apresentar melhora dentro de 3 a 5 dias da antibioticoterapia.

Antitussígeno: São indicados somente se a tosse for improdutiva e persistente. Seu uso excessivo pode induzir comprometimento da ventilação e reduzir a expectoração, retendo secreções e diminuindo a eliminação das bactérias, portanto não é recomendada.

Nebulização: Os pacientes que se beneficiam são os que tem acúmulo excessivo de secreções nos brônquios e na traquéia.

Vacinação: Uma dose de vacina intranasal pode ter benefícios terapêuticos. Os cães estarão protegidos por 2 anos após a infecção pela parainfluenza canina e aproximadamente 1 ano após a infecção de Bordetella.
Em filhotes a vacinação é intranasal, sendo mais eficaz devido a interferência dos anticorpos maternos e em cães adultos a vacinação pode ser via parenteral. Porém, se o cão estiver muito debilitado é preferível a vacinação intranasal pois induz a imunidade local.


Controle


Para evitar a disseminação da doença, os animais suspeitos deverão ser mantidos isolados por mais de 2 semanas, a partir do aparecimento dos primeiros sinais. Quando possível, é preferível a permanência do animal na casa do proprietário.
Para prevenir o desenvolvimento da doença em locais com alta densidade populacional é importante realizar a vacinação, limpeza e desinfecção das instalações e ventilação adequada.

Considerações de saúde pública:
Há relatos de casos de pneumonia por B. bronchiseptica em humanos.
A Bordetelose humana é uma das infecções respiratórias mais comuns em crianças e adultos imunossuprimidos. Pessoas submetidas a traqueostomia ou entubação endotraqueal apresentam alto risco de infecção.
Em crianças ou adultos imunossuprimidos que tiverem contato apenas com cães domiciliados o risco de se infectar por esses animais será pequena.




Segue um link para um boletim técnico feito pela Fort Dodge sobre a Traqueobronquite Infecciosa Canina que contém mais algumas informações.



Erliquiose Canina ou EMC


Agente: Ehrlichia spp. – Causam riquetsiose transmitida por carrapato, espécie que acomete os cães é a E.canis (intracitoplasmático em leucócitos circulantes), E. ewingii (erliquiose granulocítica canina).

INTRODUÇÃO

O primeiro registro dessa enfermidade no Brasil foi em 1973, na cidade de Belo Horizonte. Teve diversas nomenclaturas no passado como: pancitopenia tropical canina, riquetsiose canina, tifo canino, síndrome hemorrágica idiopática, febre hemorrágica canina, moléstia do cão rastreador e, atualmente é denominada erlichiose monocítica canina (EMC).

Conhecendo a doença

A Erliquiose de maneira simples é causada por uma bactéria Gram (–) intracelular obrigatória que se instala em células brancas do sangue. Transmitida para o cão sadio através da saliva pelo vetor Rhipicephalus sanguineus conhecido como carrapato vermelho ou por transfusões sanguíneas. Presente o agente no hospedeiro, ele apresenta um período de incubação de 8 á 20 dias , para assim apresentar seus primeiros sinais clínicos, que variam de acordo com a fase da doença, condições imunes do hospedeiro, o tipo de cepa e espécie de Erlichia.
Na fase aguda (primeiras manifestações), o microorganismo se multiplica dentro de determinadas células e em alguns órgãos como fígado, baço e linfonodos provocando hiperplasia dos mesmos. É comum apresentar febre, prostração, anorexia , petequias e equimoses em pele e mucosas, e principalmente leucopenia. *Anemia é fator de extrema importância para o tratamento e prognostico da doença, já que o carrapato também pode carregar o agente da babesiose e ter uma infecção concomitante ( o protozoário babesia spp se instala no citoplasma das hemácias destruindo-as intensificando a doença e aumentando o risco de vida do paciente se não detectado antecipadamente).Esta tem caracter regenerativo (hemácias normociticas e normocromicas) podendo evoluir para arregenerativa (hemácias alteradas sem presença de eritrócitos) já em outros casos pode-se ate nem haver anemia ( lembrando que o tempo de vida das hemácias é de 4 meses) variando sempre com as condições imune-agente e com o diagnostico precoce, sendo alguns casos a transfusão sanguínea a única forma de correção anêmica. O grande fator característico da doença é a grave trombocitopenia, que pode provocar hemorragias internas ou epistaxe por exemplo. Esta fase pode durar de 2-4 semanas se o animal conseguir eliminar o microorganismo.
A fase subclínica ocorre  de 6 a 9 semanas  após a inoculação. O cão se torna portador do microorganismo, porém sem manifestar sinais de doença. Esta fase pode durar até 5 anos após infecção, podendo evoluir para fase crônica ou em alguns cães a infecção pode ser persistente e, quando o sistema imunológico do animal não for capaz de combater e eliminar a bactéria, este apresentará esta fase. Os sintomas são praticamente os mesmos so que de maneira intensificada com ocorrências de uveíte. O grande problema esta quando a Erlichia alcança a medula, hipoplasia de medula (pancitopenia) nestes a doença adquire características de doença auto-imune, comprometendo todo o sistema imunológico, reduzindo as defesas para infecões secundarias e ocorrendo ate mesmo problemas neurológicos e sequelas que podem ou não ser irreversíveis.

IMAGENS

Vetor
http://grandesamigospetshopsalvador.files.wordpress.com/2010/05/rhipicephalus-sanguineus.jpg 

Ciclo do parasita
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTX16heRdG6UIf-cZG_LzoCRb-IWXttvxnpwRBK9tC34plTy5q6JK3MykHF5cOyRapv5iaRfSS0VI6F1M-FbWohDL61puAxL8K97llWxSs5SfR7k7wl4iK2spTY-aBb2KLpmVuvOcYl6FF/s400/img_ciclo_carrapato.jpg

Exame citológico: presença da erlichia em um Neutrófilo sanguíneohttps://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTi7DtOBO6vYUCax81rXyd_qT62hMgyCgg1kzAdcwWXomHBJgLlreparar no comprometimento das hemácias em volta

Tratamento 

O tratamento a seguir esta baseado em um estudo feito nos EUA com dois grupos de nove cães, onde no grupo A foi utilizado Doxiciclina e no grupo B Imidocarb. Em ambos os processos o resultado deu certo, os dois fármacos funcionaram.
A doxiciclina é absorvida com rapidez quando administrada por via oral. A distribuição é ampla pelo coração, rins, pulmões, músculo, fluido pleural, secreções brônquicas, bile, saliva, fluido sinovial, líquido ascítico e humores vítreo e aquoso. A doxiciclina é mais lipossolúvel e penetra nos tecidos e fluidos corporais melhor que o cloridrato de tetraciclina e a oxitetraciclina. A eliminação da doxiciclina se dá primariamente através das fezes por vias não biliares, na forma ativa.
Associar a doxiciclina com um protetor gástrico, sempre, pois este fármaco provoca náusea, êmese e diarréia.
Em muitos casos, clínicos veterinários, associam ambos os fármacos, pois a erliquiose está associada a Babesia e Hepatozoo (as quais nem sempre são diagnosticadas). É necessário, pelo menos, 21 dias de tratamento.
É importante considerar que o Imidocarb é um fármaco considerado hepatotóxico para filhotes, então nesse caso podemos utilizar a doxiciclina.


grupo 4 (André, Iane, Marcela e Paloma)  -   12/09/14

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